segunda-feira, 10 de maio de 2010

DRIBLANDO A DOR


Mais de uma vez me recordo. Na infância, quando eu reclamava de alguma dor e como se costuma dizer, fazia corpo mole para não cumprir alguma tarefa,
escutava a história outra vez.
Certa vez, a dor veio visitar a Terra. Vestiu-se de forma adequada e chegou a uma casa
pobre. Havia crianças, uma mulher cansada de tantos afazeres e um homem
marcado pelas horas de trabalho exaustivo.
A dor gostou do lugar e se aninhou no dedão do pé direito daquele pai de família.
Naquele dia, quase noite, ele se recolheu e nem deu muita atenção para a tal
da dor porque o cansaço era maior do que ela.
Mal despertou a madrugada o homem acordou, pulou da cama e começou a se
preparar para sair. Não desejando despertar as crianças e a esposa, ele se ergueu
no escuro e logo bateu o dedão num brinquedo esquecido no chão.
Ai, disse ele baixinho.
- Ui, que dor!
Acariciou o dedo dolorido com a mão calosa e enfiou o pé no calçado.
A dor lhe deu uma espetada. Afinal, ela não estava gostando nada de ficar
ali, apertada. O homem, responsável, saiu mancando.
O dedo latejava. Ele sentiu a dor diminuir um pouco quando tirou o pé do calçado,
no trajeto que fez de ônibus.
Contudo, logo mais chegou ao destino. Calçou o sapato e andou.
Assim foi o dia inteiro.
A dor reclamando, o homem sentindo mas dizendo:
- Eu preciso continuar. Não posso perder este emprego. Meus filhos dependem de mim.
E tudo acontecia. Ora o dedão topava na quina de um móvel,
ora o sapato apertava mais, ora...
A noite surpreendeu o homem na labuta, suando, trabalhando.
A dor já não aguentava mais.
E, quando ao ir para casa, o dedão topou numa pedra do caminho, foi o fim.
A dor ficou muito zangada e disse:
- Vou embora. Este homem não sabe me tratar bem.
E lá se foi. Perto dali, ela encontrou uma casa muito bonita, confortável e entrou.
Um homem estava largado no sofá da sala, assistindo televisão.
A dor gostou de tudo que viu e se instalou no dedão do pé.
- Ai, gritou ele. Que coisa esquisita. Que dor terrível!
Já providenciou uma almofada para acomodar o pé.
Ao recolher-se para dormir, enfaixou o local e no dia seguinte, fez repouso.
E no outro, e no outro.
A dor adorou aquele tratamento vip e tomou uma resolução:
Não saio mais daqui!

Quando a história terminava, eu já sabia que teria que dar conta
das minhas responsabilidades.
Era a forma de minha mãe me ensinar que eu devia ser forte;
que pequenas dores deviam ser suportadas e de forma alguma serem motivo
para não se cumprir as obrigações.
Essa atitude serviu para me tornar alguém com maior capacidade
de suportar reveses e dificuldades.
Quando tudo parecia conspirar contra mim e eu tinha vontade de desistir,
lembrava da história da dor.
E retomava a luta.

Desconheço o Autor


endereço: internet
imagem: juanpablo776.blogspot.com



22 comentários:

Bloguinho da Zizi disse...

Bom dia Jorge
Bela maneira de começar uma semana.
Ótima leitura, grande aprendizado.
Somos maiores que a dor.
Gratidão
Uma semana de paz pra você.

ValériaC disse...

Bom dia meu tão querido amigo Jorge!
Excelente esta pequena estória...que nos sirva de lição, para que enfrentemos de frente a vida...com perseverança...boa vontade...com Amor.
Que sua semana seja de muita serenidade e alegrias...
Beijos...
Valéria

Jorge disse...

Zizi,

Sim, concordo com você!!!

Uma excelentre semana, meu Anjo!!

Jorge disse...

ValeriaC

e sem medo, pois sabemos que o medo atrai medo.
Luz Amiga, tenha uma semana de muita alegria!!!
Beijo!!!

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Jorge. Adorei, como sempre. Os seus textos são excelentes. É muito bom vir aqui. Beijos, amigo.

Jorge disse...

Maria José

Obrigado pelo carinho. Como sempre, vc me incentiva, o que me deixa muito feliz!!!

Um beijo, Anjo!

© Sara Marques disse...

Oi Jorge!
A Dor nos fortalece...só q ela não sabe disso...rs
Bjs Querido...

Kelly Kobor Dias disse...

As mães sempre deixam marcas inesquecíveis em nossas vidas, beijos

Anônimo disse...

Jorge, meu amigo de luz
Estava com saudades.
Adorei seu texto,como sempre.
A alma é esculpida pela dor, que nos fortalece, e nos faz aprender muitas coisas, como suportar as vicissitudes da vida diante das responsabilidades.
É sempre bom passar por aqui.Tem sempre algo importante para aprender.
Beijos saudososos.

Psiquismo Desmistificado disse...

Grande amigo Jorge,
Achei sensacional a metáfora.
É tão fácil nos acomodarmos diante de determinadas circunstâncias. É tão fácil viver reclamando e não tentar mudanças.
Um grande abraço

Jorge disse...

Sara,

tem razão!!!

um beijo, Anjo!!!

Jorge disse...

Kelly,

sem dúvida, mãe é o Amor do Pai aqui na Terra.

Anjo, beijo em teu coração!!!

Jorge disse...

Regina,

saudade é eu que sinto dda sua ausência. Mas tua luz nos envolve a todos. Assim, pelo menos, nos sentimos consolados, mesmo que a distância.

Um beijo, Amiga da eternidade!!!

Jorge disse...

Grande PD

reclamamos muito mesmo. É mais fácil, né?
Assumir a própria vida requer coragem de enfrentar a si mesmo. Quem quer fazer isso, afinal?

Amigão, um forte abraço!!!

Marcia disse...

Querido,
super legal este texto! Amei a metáfora!
Beijos no coracao.

Unknown disse...

Meu querido amigo Jorge,
A dor às vezes tão necessária para que possamos aprender.
Lamentavelmente aprendemos muito mais facilmente através da dor que do amor... por que somos assim,não? Mas assim é!
O importante é que tiremos todas as lições que a dor pode nos oferecer, aprender com elas, e viver melhor!
Beijos, flores e muitos sorrisos!

Vida*** disse...

Driblar pensamentos!! Foi a primeira lição que aprendi!! Um lindo dia pra ti!! bjo no coração.

Jorge disse...

Marcia,

Obrigado!!!

Um beijo, sempre de coração!!

Jorge disse...

Carmem
realmente a dor não seria necessária se o homem tivesse consciência de si mesmo.
Mas o importante é aprender com as dificuldades mesmo.

Beijos, flores perfumadas para teu coração de ouro!

Jorge disse...

Vida amiga,

driblar emoções ruins é o que seria bom. Com esforço diário, chegaremos lá!!!

Um beijo de luz!!!

Renata disse...

Jorge querido amigo que texto lindo,é verdade a dor até tenta nos derrubar ,mas cabe a nós não dar confiança a ela rsrsrsrsr,vim lhe agradecer o carinho voltarei com mais tempo para ler os outros textos um bom final de semana com muita luz!

Jorge disse...

Renata

apesar de que cair significa que ainda não aprendemos. O perigo, eu creio, é ficarmos caidos. Porque a nossa força está no levantar e seguir em frente.

Anjo amiga, um beijo, com carinho!!!

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